A origem do nome da Associação V.E.R.A.

Ao nomear a Associação, prestou-se uma homenagem à Vera Cunha Cavalcanti de Albuquerque, nascida em São Paulo no dia 6 de maio de 1954 e falecida na cidade de Jundiaí aos 30 de outubro de 1984. Infelizmente, assim como ocorre com inúmeras mulheres no Brasil e em todo mundo Vera foi vítima fatal da violência sendo assassinada pelo pai de seus dois filhos pequenos.

Vera era uma pessoa especial e dedicou muito de sua breve vida ao próximo. Ela gostava de escrever e segue-se uma ilustração de um de seus textos:

Salvador, Bahia, janeiro de 1984

Eu espero no Senhor. É por isso que não me desespero, pois Deus é a Grande Força deste Universo. Ele é o Grande Guerreiro e não há de me abandonar sozinha neste mundo, pois sabe a quem busco e o que busco.

Deus sabe que fujo da Luxúria, que corro da Opulência, que me afasto afoita da Arrogância e da Preponderância.

Deus sabe que sumo da Mesquinharia, que me desvio do Tédio desta vida oca e sem sentido, que não creio neste falso poder que o ser humano julga ter, que não tolero as guerras, nem qualquer espécie de arma e que não suporto a mentira e nem quero semear a discórdia.

Deus sabe que não busco o dinheiro, nem a fortuna material, mesmo tendo um pouco nas mãos; que não quero plantar o ódio, a raiva ou a violência.

Deus sabe que quero me redimir de todos os meus pecados para limpar meu sangue e purificar minh’alma e que não quero conviver neste consumismo que pregam, nessa massificação toda – esta ilusão mundana.

Deus sabe que quero viver no meio de minha mãe-Natureza, para poder louvar cada uma de suas maravilhas – cada obra sua. Para que meus filhos cresçam saudáveis e cheios de vida; para que possam ser felizes e não se iludirem com as aparências mundanas; para que cresçam fortes e aprendam o verdadeiro conhecimento.

Deus sabe que busco a verdade, o amor eterno e infinito; que busco não só a luz do Sol, mas, muito mais, a Sua Luz, que ilumina o coração.

Deus sabe o que procuro, pois o que procuro está dentro de mim, tal qual uma semente, que trago comigo desde criança. Este sentimento que carrego comigo, aqui no meu âmago e que é tão meu e é tão infinito, que parece o Universo, embora eu bem saiba que não passo de um grão de areia, um átomo a mais que ajuda a compô-lo.

Deus sabe que, lá no fundo, eu só quero a Paz e a Harmonia! Que quero a felicidade pura e a felicidade de meus filhos e que eles tenham a oportunidade de crescerem fortes para aprenderem, com Ele, a serem guerreiros; quero a pura felicidade, a felicidade real e verdadeira, mesmo tendo que sofrer para aprender, pois o sofrimento engrandece e fortalece o espírito.

Deus sabe que quero salvar cada árvore, cada rio, cada pedaço de terra, que quero ensinar a meus filhos e a todos que eu puder a amar, a respeitar e a louvar a nossa grande mãe-Natureza, que quero falar com os bichos e abraçar as cobras e que quero conviver com a terra, respeitando toda a sua nobreza.

Deus sabe que busco a simplicidade, embora eu ainda seja tão sofisticada, que quero a Liberdade real e a nobreza de todos os sentimentos dignos e que eu tenho lutado contra este terrível inimigo – o narcisismo – esta admiração tola e supérflua que foi cultivada em mim desde criança.

Deus sabe que não quero jamais matar qualquer beleza, pureza, qualquer coisa, sentimento bom e abençoado e que busco a humildade, mesmo sendo tão nojentamente vaidosa.

Deus sabe que, mesmo sendo este verme que rasteja e se perde neste mundo tão sujo, eu almejo alcançar o Céu, não para descansar em paz, mas porque tenho consciência de que é Nele, e só Nele, que está a Salvação.

Vera